Por Dr. Leandro Blatislav

É comum ouvir lamentações dos proprietários de pet sobre suas experiências não tão felizes durante as visitas ao médico veterinário como: “Nossa, parece que meu bichinho sabe quando vai ao veterinário”, “quando vê alguém de jaleco ele já começa a ficar estressado”. A ida ao veterinário pode ser um evento difícil para os animais e muitos deles começam a dar sinais de agitação e até agressividade ainda na sala de espera do consultório. Tais eventos podem tornar uma simples consulta de rotina em algo perigoso tanto para o médico veterinário como para cães e gatos chegando ao ponto de se exigir sedação para que o procedimento médico possa efetuado de maneira segura. A cada experiência negativa que os animais experimentam este problema tende a se agravar ocasionando medo e insegurança no próprio dono. Com isso, é comum que as visitas regulares e consultas de rotina tendam a ficar cada vez mais espaçadas e raras dificultando o diagnóstico precoce de alguma enfermidade que possa estar se instalando no animal.

Quando um cão tem medo suas condições físicas e psicológicas ficam comprometidas e parâmetros fisiológicos podem acabar sendo alterados. Alguns dos sintomas de animais estressados são tentar pular da mesa, tremer, ficar agitado, colocar o rabo entre as pernas ou mesmo tentar morder. Geralmente os veterinários tentam desenvolver um laço de confiança com os animais antes da consulta como chama-los pelo nome ou acaricia-los mas isso não é garantia de sucesso e ser repreendido pelo dono de forma bruta pode agravar o estresse do animal piorando a qualidade da consulta médica. Cães e gatos que frequentam clínicas desde filhotes tendem a aceitar a intervenção do veterinário de maneira mais fácil e rápida.

Como então podemos ajudar a deixar essa experiência mais agradável?

Primeiro é necessário adquirir uma postura pró-ativa possibilitando que o animal vá se acostumando com a prática médica aos poucos. Uma boa dica é, em casa, brincar de veterinário com o bichinho acostumando-o a ser manipulado e tocado. Ao final de cada “procedimento” deve-se recompensá-lo com carinho ou mesmo algum petisco de sua preferência. Levá-lo ao veterinário sem ter consulta ou exames a serem feitos também pode ser uma forma de acostumá-lo ao ambiente.

Outras recomendações são:

• Evitar sala de espera: se a sala for muito pequena ou se estiver lotada isso pode servir de combustível para estressar o animal. Mantenha-o do lado de fora para que fique mais relaxado.
• Escolha horários de menor movimento: Ás vezes a presença de outros animais também podem deixar o animal incomodado ou agressivo.
• Sempre dê recompensas: Ao final da consulta faça um elogio, carinho ou mesmo dê um petisco para que o animal sempre associe esta experiência a algo bom e reconfortante.
• Se o animal estiver aterrorizado: Fique atento ao seu comportamento. Se ele apresentar excesso de medo ou agressividade é melhor remarcar a consulta desde que seja autorizado pelo veterinário. Nesse estado emocional, caso o animal seja forçado a fazer algo que não quer, pode-se criar uma situação difícil de se contornar.
• Uso de focinheira: Caso você não sinta segurança em relação à agressividade do animal, pode-se fazer uso de focinheira. O ideal é que seja colocada antes de entrar no consultório e sempre de uma forma lúdica para que o animal não associe isso a algo ruim.

Um manejo firme porem gentil do animal é a melhor forma de transmitir segurança e confiança para que as idas ao veterinário sejam sempre uma experiência agradável. Não será da noite para o dia que o animal irá se acostumar mas com o tempo a melhora no seu comportamento certamente aparecerá. Caso os resultados desejados não sejam alcançados, o veterinário poderá prescrever algum medicamento ou tratamento que ajudará seu animal a ficar mais relaxado durante todo o procedimento.

Fonte: https://www.pomelo.com.br/